O vinho do altar

Fundamental para o sacramento da eucaristia, o vinho está profundamente ligado à história do Cristianismo. Mas como será o vinho consumido pelos padres na celebração das missas?

O vinho utilizado na consagração representa o sangue de Jesus, enquanto o pão representa o corpo de Cristo, no fenômeno da transubstanciação.

Para esse ritual, pode ser utilizado um vinho específico, produzido de acordo com as instruções do Vaticano, e rotulado como vinho sacramental ou vinho canônico. Muitas vinícolas ao redor do mundo dedicam-se à produção de vinhos exclusivos para a missa.

Mas o uso de vinhos “normais” também é permitido pela Igreja Católica, desde que a bebida escolhida atenda às condições necessárias para a validade do sacramento, de acordo com a legislação canônica.

O que diz o código de leis canônicas? O vinho deve ser natural, ou seja, bebidas artificiais que tenham a aparência e o gosto de vinho não são aceitas. O vinho deve ser produzido somente a partir de uvas, o que significa que estão descartados vinhos produzidos a partir de outras frutas. Além disso, o vinho não pode estar estragado. Por fim, a lei canônica referente a essa questão diz que uma pequena quantidade de água deve ser adicionada ao vinho da eucaristia.

Por que a água? Porque tradicionalmente, no tempo de Cristo, o vinho bebido era misturado a um pouco de água, então presume-se que assim deve ter sido feito, também, durante a Última Ceia.

Em 2003, uma carta publicada pelo então cardeal Joseph Ratzinger (que viria a se tornar posteriormente o Papa Bento XVI), indicou o mosto da uva como também sendo válido para a celebração da eucaristia. Esse tipo de suco fresco, não pasteurizado, é utilizado, por exemplo, por sacerdotes com restrição ao consumo de álcool, mediante autorização concedida caso a caso.

Em 2004, foi publicado, pelo cardeal Francis Arinze, um outro documento específico sobre coisas que se devem observar e evitar durante a eucaristia, chamado Redemptionis Sacramentum. Esse documento detalha que é “totalmente proibido utilizar um vinho de quem se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos”.

E quanto à cor?

Pode ser surpreendente, mas o vinho que representa o sangue de Cristo não precisa ser, necessariamente, vinho tinto, principalmente no catolicismo ocidental! Isso mesmo! O mais popular vinho de missa consumido no Brasil, por exemplo, é um rosado. Já os padres europeus, inclusive em Roma, dão preferência ao vinho branco, para evitar manchas nos tecidos do altar e em suas vestimentas.

Um vinho bastante utilizado em missas, ao redor do mundo, é o vinho branco de sobremesa, incluindo aí o Vin Santo, especialidade italiana.

O vinho rotulado como canônico muitas vezes também costuma ser licoroso e doce, e as variedades de uvas utilizadas no processo de fabricação dos vinhos de altar podem ser de Vitis Vinifera ou híbridas americanas. No Brasil, as mais comuns costumam ser Moscato, Saint-Emilion e Isabel, tendo como resultado um vinho rosado com cerca de 16% de graduação alcoólica.

Curiosidade: cerca de 20% da produção brasileira de vinhos rotulados como canônicos não é absorvida pela Igreja, e, sim, por consumidores que apreciam este tipo de vinho mais adocicado.

Para finalizar, se quiser conhecer, ou lembrar, algumas das muitas menções bíblicas ao vinho, clique aqui.

Esse assunto é bem interessante, não é?




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